Resolvi ir à Olimpíada aos 45 do 2º tempo… e foi uma das experiências mais incríveis da minha vida


  Rio de Janeiro  2214 visualizações

Sou jornalista, trabalho com mídias sociais, e passei a Olimpíada inteira dentro da redação, em São Paulo, respirando a competição por mais de duas semanas. Para quem gosta de esporte e de grandes eventos, Olimpíadas e Copa são as duas oportunidades de ver os melhores atletas reunidos, grandes disputas - e, com as redes sociais, os memes mais engraçados.

Mas algo começou a me incomodar depois de 19 dias seguidos de trabalho: eu não ia sentir realmente o clima e atmosfera do Rio de Janeiro. Por que, então, eu estava fazendo tudo aquilo? Por que eu trabalhava tanto para uma grande corporação deixando de lado um dos grandes sonhos do Mateus menino, aquele que brincava com bolinhas olímpicas da Coca-Cola dos Jogos de Atlanta, em 1996, que era de ir para uma Olimpíada? Pior de tudo, a apenas 400 km de mim.

Então, na sexta-feira, dia 19, acordei lembrando de tudo isso e resolvi: vou para o Rio de Janeiro hoje. Chances assim são raras, e não vou deixar passar. Na Copa do Mundo já escapara, e não queria me tornar um senhor de 70 anos contando frustrado aos seus netos que presenciou, no próprio quintal de casa, os dois maiores eventos esportivos do planeta, mas não viu nada. Fui atrás de histórias para a minha vida.

Mateus Souza adicionou foto de Rio de Janeiro Foto 1

Os jogos acabavam no domingo, 21. Tentei, em duas horas antes de entrar no trabalho, minimamente planejar. Mas o maior desafio eram a hospedagem e as passagens, pois os ingressos não estavam esgotados, dava para comprar tranquilamente na frente do Parque Olímpico. Entrei na empresa de ônibus, e foi tranquilo. Como eu saía do trabalho às 2h do sábado, comprei uma passagem de ida às 3h. Tinha bastante lugares disponíveis. Para a volta, me assustei um pouco, pois quase não haviam lugares. Mas consegui encontrar um bom horário, às 15h45 do domingo.

Lugar para ficar, no entanto, foi mais difícil. Tenho só uma amiga carioca, que mora em SP, então hipótese descartada. Hotel, hostels, airbnb, couchsurfing, comecei a olhar em tudo. Hmm, pouquíssima oferta e os preços exorbitantes. Já comecei a achar que eu teria de fazer um bate-volta, sem dormir no Rio. Depois de muita procura, no entanto, finalmente a boa notícia: um hostel por R$ 90, que parecia bem ok, e a um quarteirão de um metrô no centro do RJ. Reservei na hora, sem nem saber se o lugar era perigoso ou não, era tão perto do metrô que só por azar mesmo eu seria assaltado. Recomendo o Kaza Rio Guest House.

Quando finalmente entrei no ônibus, o famoso Cometa, começou a vir aquele sentimento de dever cumprido e sonho realizado. Ah, faltou parte importante: como foi em cima da hora, não consegui nenhuma companhia. Ou já tinham compromisso, ou já tinham ido ao Rio de Janeiro ver os Jogos. Isso, claro, não foi empecilho, gosto de viajar sozinho, fazer meu próprio roteiro, observar melhor os lugares e aproveito para pensar na vida e refletir -- quando tem algúem do lado você tem que estar o tempo todo pronto para a conversa.

Cheguei no Rio e já fui direto ao Parque Olímpico, lugar onde se concentrava a maioria das provas. O ingresso mais barato à venda na bilheteria oficial era R$ 280. Meu bolso gritou. Então fui procurar as pessoas que vendiam a entrada na frente -- não é ilegal revender ingressos, mas sim cobrar por um preço acima do que pagou, prática conhecida como cambismo. Mesmo assim, não achava um que fosse abaixo do valor de R$ 280.

Mateus Souza adicionou foto de Rio de Janeiro Foto 2

Até que um rapaz me abordou e perguntou se eu comprava ingresso. Disse que sim e ele me ofereceu entrada para a disputa de medalha de bronze do basquete feminino por R$ 200. Detalhe 1: eu só tinha R$ 190 no bolso. Detalhe 2: já era 11h40, e o jogo começara 11h30. Detalhe 3: o rapaz parecia cambista, pois pegava dinheiro meio às escondidas. Morri de medo de ser uma entrada falsa. Deu tudo certo.

Saí correndo, com todo o fôlego que não tenho, mas esbarrei na fila da entrada. Por sorte, foram “só” 20 minutos, e logo já corri mais um pouco até a Arena Carioca 1. Quando consegui entrar, o jogo (França x Sérvia) já estava no fim do segundo quarto. E quer saber? Não estava ligando, consegui entrar, e quando é mais difícil é mais legal. Jogo de basquete é o mais animado que existe, principalmente por causa das musiquinhas que tocam nas pausas técnicas e intervalo.

Depois, saí do jogo e fiquei andando pelo Parque Olímpico lotado de gente, brasileiros ou gringos. Deu para encontrar um amigo meu, também jornalista, que cobria os Jogos in loco (foto acima). Tomamos uma cerveja e ele foi para o Maracanã ver a final do futebol masculino, e eu fui comer. Você disse comida? Sou daqueles que precisam de uma boa pratada de arroz e feijão para viver, e já era 16h só tinha comido três salgados e dois sucos. Estava com aquela fome que doía. E não fiquei nada animado quando vi a fila para retirar a comida.

E os problemas, quando surgem, parecem vir em combo. A Visa era patrocinador oficial dos Jogos, e meus cartões são todos Mastercard. Lembram que eu fiquei sem dinheiro para comprar o ingresso? Tinha me lascado: precisava encarar outra fila para comprar um cartão pré-pago da Visa, para comprar a comida, para depois pegar a comida. Seriam três filas!!!

Desisti, fui embora mais cedo do planejado do Parque Olímpico e comi mais um salgado logo na frente. Fui ao hostel descansar (descansei até demais, pois perdi o ouro inédito do futebol masculino). A região era segura, iluminada, e o local tinha o melhor banheiro de hostel que já fiquei na minha vida. Incrível como coisas sem planejamento também dão certo.

Mateus Souza adicionou foto de Rio de Janeiro Foto 3

Revigorado, fui para a Lapa, enfim, comer meu merecido arroz e feijão e na sequência tomar uma cerveja. Por acaso, encontrei uns colegas de trabalho, e ainda tive companhia. E não me arrependo nem um pouco de ter gastado bastante dinheiro e ter voltado mais cansado ainda para o trabalho na segunda-feira. Agora eu tenho histórias para contar aos meus netos.

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COMENTÁRIOS:

Dennis Carlotti

Dennis Carlotti comentou 7 anos atrás

Era uma chance única, que bom que foi! Belo relato.. se jogue, sempre! Um abraço..

Fernando Ceron

Fernando Ceron comentou 7 anos atrás

Desejo realizado. Conquistar o sonho é valido.

Martha Sousa

Martha Sousa comentou 7 anos atrás

Mateus, muito boa a sua aventura. Ainda bem que conseguiu realizar o seu sonho. Abraços.

Mateus Souza

Mateus Souza comentou 7 anos atrás

Martha, Fernando, Dennis, todos viajantes Dubbi de longas datas, obrigado pela mensagem de vocês! De fato, sonho realizado. Agora é partir para os próximos. Abração

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