A vontade de não ficar em casa era grande... Para nossa família, Carnaval sempre foi sinônimo de praias lotadas, trânsito, cidades animadas, blocos, bailes, desfiles, axé, frevo... a única informação que tinhamos é que não queríamos nada disso!

A Débora, assumindo a função de Diretora de Harmonia, queria passear, afinal finalmente ela conseguiria aproveitar um feriado, já que seu trabalho não dava muitas margens para descanso contínuo de cinco dias... era tudo ou nada! E estávamos em pleno mês de Janeiro, pouco mais de 30 dias da festa de Momo.

Uma pesquisa aqui, uma consulta ali... e todos os destinos lotados, caros, sem grandes esperanças de encontrar alguma coisa bacana para se fazer. Até que começamos a procurar destinos pela América do Sul. Argentina era uma escolha natural (mas estava bem cheia neste período). Uruguai não estava com preços tão atraentes, mas ficou anotado no bloquinho de papel. Perú não estava nos planos. Equador as escalas de vôo não ajudavam. Estava dificil de estabelecr o Enredo desejado... Até que apareceu o Chile.

A oferta de Santiago era muito atraente! Valor baixo, parcelamento em seis parcelas. Destio escolhido! Iríamos em três (a filhota também entrou no clima). Na casa dos meus pais, comentei sobre a viagem: meu pai foi o quarto passageiro (minha mãe não viaja de avião por chantagem nenhuma deste mundo).

Na mesma noite, minha sobrinha perguntou sobre o Carnaval... queria alguma sugestão de roteiro, queria viajar com o noivo... resumo da história: fomos em 06 pessoas para o Chile. Os Passistas estavam todos organizados.

Como era uma viagem rápida, exatamente como um Desfile é cronometrado, combinamos de levar malas pequenas, onde cada uma teria roupa de 2 pessoas. Nada de exageros, pleno verão, nada de turismo de compras... apenas o necessário para ficarmos 4 dias por lá. Aluguei um carro de 07 lugares para garantir o deslocamento e aproveitarmos ao máximo.

O voo em si já é uma parte do passeio. Foi nosso Carro Abre-Alas. Se você for para lá, deixe sua câmera ou celular preparados. A vista aérea da Cordilheira dos Andes é qualquer coisa de tirar o fôlego. Pense num lugar bonito!

Foram 4 dias intensos... o primeiro para chegar, retirar o carro, encontrar o hotel, entender e gostar de Santiago logo de cara. A cidade tem um ar cosmopolita, organizada e progressista. Ficamos basicamente no entorno do hotel. Nossa preocupação foi descansar do voo (e da escala na Argentina, com direito a um bife de chorizo), fazer algumas compras no supermercado e dar uma breve volta pela região central.

A Evolução continuou no segundo dia, fomos para Valparaíso e Viña del Mar. São cidades obrigatórias, fazem parte da cultura e da tradição chilena, além de serem muito próximas de Santiago. Além das cidades, seus pontos turísticos, sua praia e sua gastronomia, no caminho ainda fizemos uma parada pela Vinícola Emiliana, uma das grandes produtoras de vinhos, com manejo sustentável de suas vinhas, uma área maravilhosa, degustação e loja com preços muito bons. Até foto com lhamas conseguimos tirar.

O terceiro dia foi concentrado em Santiago. Vale a visita ao Palácio da Moneda, a Catedral, o centro comercial, o mercado municipal e o Cerro Santa Lucia, de onde você tem uma vista bem ampla da cidade, além de ser um lugar muito bonito. O almoço foi divertido, especialmente para minha sobrinha que pediu um prato impossível de se comer sozinho... aliás, os pratos são muito generosos, mas muito generosos mesmo... a lasanha alimentava duas pessoas até o limite do corpo... o arroz com mariscos parecia uma expedição do Jacques Costeau de tanta coisa que vinha. E o pernil que a Vanessa (sobrinha) pediu simplesmente veio com 1/4 do pernil. Este tanto de pernil seria suficiente para todos os seis... mas era um prato individual!

A noite ainda fomos ao shopping para experimentar o cachorro-quente chileno. Ao invés de purê de batata, como muito se serve aqui no Brasil, ele vinha com um purê de abacate. O cachorro-quente é verde! E acredite: é simplesmente delicioso. A gente gosta de experimentar sabores, todo sorvete ou suco que encontravamos também era devidamente experimentado.

No quarto dia aproveitamos para conhecer a região de San José de Maipo, nas cordilheiras. Fizemos várias paradas pela estrada para fotografar... era lindo demais! Fomos até uma região chamada Cajon de Maipo, onde existem piscinas termais, com propriedades medicinais, água quente diretamente dos veios dos Andes. O único problema foi tomar banho após tudo isso, a água de montanha era gelada demais, mas gelada mesmo.

Ainda deu tempo de conhecer a Vinícola Undurraga, uma das áreas mais bonitas que encontramos. Era necessário encerrar o desfile como uma verdadeira Apoteose. Cuidado e atenção em cada detalhe, preços justos dos vinhos, degustação de diversos rótulos e extremamente técnica na produção de seus vinhos. Ambas as vinícolas visitadas merecerão uma nova visita quando retornarmos.

E o dias passaram de maneira incrível. Trocamos o samba-enredo pela música andina, a cerveja e a caipirinha pelo vinho, o churrasco pelos pratos generosos... e tudo isso com uma cidade em seu ritmo normal, sem atropelos, sem lotação, sem estradas congestionadas.

Certamente foi um carnaval diferente. Só lembramos da festa brasileira ao retornarmos, e encontrarmos as notícias das escolas de samba vencedoras tanto em SP como no RJ.

Como diz aquele apurador das notas das escolas no RJ, nosso carnaval foi "dez... nota dez!".

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