Tarzan e George pelas Florestas da Ilha Grande


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Fazia mais de um ano que não via meu bom e velho amigo Berna. Nos conhecemos em Ibiza, em 2015, quando trabalhamos na temporada do Verão Europeu. De lá para cá, muita coisa mudou na vida dos dois, mas a amizade continuou mesmo à distância. Trocamos mensagens enquanto ele fazia o Caminho de Santiago e eu rodava o Brasil na Rota da Tocha Rio2016. Ele veio para a Cidade Maravilhosa, que era onde eu morava, e conseguimos nos ver por algumas horas. No mesmo dia eu peguei um ônibus, voltei a morar em SP e comecei a escrever meu livro. Já o Berna se mudou alguns meses depois para Tenerife, onde começou a se dedicar à prática de mergulho. Apesar da vida ter nos levado para estradas muito diferentes, um seguia e torcia pelas conquistas do outro, fosse mergulhando pelo Mediterrâneo ou nas páginas de uma história. E, depois de mais de um ano, essa mesma vida foi bondosa conosco e fez nossos caminhos se cruzarem mais uma vez. Berna veio para o Brail, me mandou mensagem e combinamos de nos encontrar em Ilha Grande (RJ) na chamada Costa Verde.

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Tem uma coisa que não sai da minha cabeça desde a hora que cheguei lá: como nunca viajei para Ilha Grande antes?! Sério, não é longe de SP, a passagem de ônibus executivo custa 110,00 reais (+50 reais do barco para atravessar o mar) e é um dos lugares mais lindos que já vsitei na vida! Eu já conheci diferentes lugares da Europa, América do Norte, Caribe e Oriente Médio, mas nunca fui para Ilha Grande que fica a 7 horas de distância da cidade onde nasci, cresci e vivo até hoje. A real é que eu não esperava que fosse um destino tão legal. Mas é impressionante como viajar pelo Brasil não deixa de me surpreender! Por três dias eu troquei o cinza de São Paulo pelo colorido da Ilha Grande. Deixei o estresse do meu trabalho e dos meus relacionamentos em casa, levando em uma mochila só o necessário. E eu não poderia ter tomado uma decisão melhor.

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Desembarcando em Vila do Abraão, eu e Berna começamos a procurar hostel/camping, o que não foi nada difícil de achar. A estrutura hoteleira da Ilha é excelente! Tem todo tipo de hospedagens para atender a diferentes demandas dos visitantes. Negociamos um hostel vazio, só para a gente, por 40 reais a diária (quem tiver interesse, procure pelo hostel/camping do Bicão), deixamos nossas coisas e fomos explorar a mata. Cabeludos, descalços e sem camisa, parecíamos Tarzan e George, o Rei da Floresta, em seus habitats naturais.

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A primeira trilha que fizemos foi para a Cachoeira da Feiticeira, para tomar um banho de descarrego. Trilha fácil e rica. Saindo da Vila do Abrãao, quem quer que seja fica maravilhado pelo caminho. Pedras, vegetação, mirantes, ruínas de um aqueduto, poço de água doce e vistas do mar deixam qualquer um boquiaberto. O ponto final não é a cachoeira em si, mas a Praia da Feiticeira. A praia é realmente linda, mas, na minha opinião, o que faz valer o passeio é realmente a cachoeira! Depois de um banho de água gelada nas costas, senti que lavei minha alma. Talvez esse seja o feitiço da Feiticeira: deixar a gente mais leve!

Como fizemos a trilha descalços e correndo em alguns trechos, fodi meu joelho e meu pé. Por isso tivemos que pegar um taxi boat de volta à Vila do Abrão. Mas o último taxi boat estava mais caro porque seríamos os únicos passageiros. Então fomos bem brasileiros e demos um "jeitinho".

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Conhecemos duas francesas na praia e pedimos carona na lancha que elas tinham alugado. Em troca, convidamos as duas para tomarem caipirinha com a gente de noite.

Nunca imaginei que Vila do Abraão pudesse ser lugar de agito, mas é! Muita gente perambulando pelas ruas de areia e terra, vários barzinhos com música ao vivo, alguns lugares de forró e até uma baladinha. Sendo assim, nosso "date" com as francesas foi bem divertido, mas não rendeu nada além de amizade. As duas partiriam pela manhã e não queriam alongar a noite e eu estava exausto e queria descansar para aproveitar o dia seguinte. Já o Berna ligou o foda-se, foi para uma festa que estava rolando em um lugar chamado Aquário e voltou às 3 da manhã para nosso hostel depois de transar com uma uruguaia. Simples assim.

Dia seguinte fizemos uma trilha mais puxada. Acordamos, comemos um bom açaí e partimos para Lopes Mendes que dizem que é uma das praias mais bonitas do Brasil e a mais bonita da Ilha. O caminho para lá é cheio de subidas e descidas e recheado com outras praias, mas Lopes Mendes em si me decepcionou um pouquinho. Não que não fosse maravilhosa. É só que minha expectativa estava muito alta e eu achei algumas das outras praias que visitei mais legais. Uma delas, logo no começo da descida para Lopes Mendes, é preciso destacar: a Praia de Santo Antônio. Quem nos deu a dica foi uma argentina que estava pelo caminho e disse que aquela era sua praia favorita da Ilha. Realmente, vale a visita.

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Na nossa segunda e última noite na Ilha, quem resolveu ligar o foda-se fui eu. Comprei uma garrafa de vinho no super mercado e saí perambulando pelas ruas fazendo amizade.enquanto esperava o Berna resolver algumas demandas pessoais. Quando ele se juntou a mim, sentamos em um bar onde um cara com violão tocava e cantava músicas de Zé Ramalho e Legião Urbana. Trocamos o vinho por cerveja e pegamos dois acarajés bem apimentados para acompanhar. Logo ganhamos companhia. Mas o frio veio junto. E eu, um tanto quanto embriago, resolvi buscar um moletom no hostel. Berna ficou para trás, me esperando com a galera que encontramos e guardando a mesa. Mal sabia ele que eu não voltaria...

Acordei de ressaca e já comecei a levantar acampamento. Nossa diária venceria às 10 e precisávamos correr para que não fossemos despejados. Deixaríamos as coisas na recepção do hostel/camping para aproveitar o último dia na Ilha e pegar o barco que saísse mais tarde (18h30 rumo a Angra dos Reis). Não botamos muita fé naquele dia, pelas condições que acordamos e pela preocupação de não perder a hora do barco. Mas talvez tenha sido o dia do melhor passeio: andamos até a Praia de Dois Rios.

Ao todo caminhamos por 2h30 (essa eu achei puxada) pegando atalhos por trilhas no meio do mato até chegarmos a um vilarejo com um antigo presídio, que hoje serve de museu, e uma praia paradísiaca com um rio de cada lado (daí o nome Dois Rios, duhn!). Depois de um mergulho no mar, fui tomar banho de água doce e aproveitei para me secar debaixo do sol. Deitei em cima de uma pedra e simplesmente deixei o tempo passar, escutando as ondas e os barulhos da mata ao redor. Naquele momento eu não precisava de mais nada. Esqueci qualquer preocupação que algum dia esteve na minha cabeça, no meu coração e na minha alma. Eu cheguei no paraíso e ainda estava respirando.

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Quando chegou a hora de ir embora, confesso que não fiquei triste. Da mesma maneira que não fiquei triste quando foi a hora de me despedir do Berna e voltar para SP. É difícil sair de um paraíso com uma selva sem concreto e voltar para a cidade grande, mas eu sou grato pelo tempo que passei ali. Fui abençoado e não quis ser ganancioso. Sei que um dia voltarei para Ilha Grande, da mesma forma que sei que verei o Berna novamente. E saber que conheci o paraíso e um dia voltarei é consolo o suficiente para encarar qualquer dia cinzento pela frente. Afinal, até o Tarzan saiu da selva para a civilização. Quem sabe da próxima vez que eu explorar as matas da Ilha Grande não tenha uma Jane para me acompanhar?

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COMENTÁRIOS:

Sola no Mundo

Sola no Mundo  comentou 5 anos atrás

Demais Stefano!! Entrou na lista!

Stefano  Giorgi

Stefano Giorgi comentou 5 anos atrás

Só vai!! Você vai amar!!!

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