Istambul multitexturizada
Uma cidade que não forma uma imagem única nas nossas mentes é provavelmente insípida. Defino imagem única como aquela forma, quase sempre distorcida, que vem às nossas mentes em uma fração de segundo quando pensamos em um local. Não é a mesma coisa que dizer que, quando se pensa em Nova Iorque, lembra-se da Estátua da Liberdade. Isso é uma visão pontual. Exemplificando: na minha impressão, a imagem única que faço de Nova Iorque é um aglomerado acinzentado e indefinido de arranha-céus pontiagudos, muito iluminado e dinâmico. É mesmo abstrato, indefinido, não pontual e individual.
A imagem única que tenho de Istambul pode ser ilustrada como uma textura caótica. É inevitável. Basta dizer o nome da cidade para eu sobrepor na minha cabeça uma massa de prédios desordenados com suas parabólicas; de gaivotas que cruzam os ares cortados pelas silhuetas das mesquitas e que povoam o Bósforo lotado de embarcações; de louças, luminárias, pashminas, condimentos, delícias turcas e demais artigos vendidos nos bazares; de azulejos, painéis, tapetes e mosaicos; de romãs, maçãs e laranjas; de pescadores e suas varas que riscam a balaustrada otomana da Ponte de Galata; e de zilhões de pessoas e veículos que atravessam os principais pontos da cidade. Misture isso tudo e entenda a minha visão.
- Profusão arquitetônica em Istambul, vista do Topkap?. Destaque para a Torre de Galata
- Telhados repletos de antenas parabólicas
- Especiarias no Bazar Egípcio
- Prateleira de pashminas, no Bazar Egípcio
- Cerâmicas, no Bazar Egípcio
- Luminárias, no Grande Bazar
Você pode estar achando esse papo de imagem única um tanto afetado, mas não tenho outra maneira para descrever esta coisa abstrata, que muito me fascina. E não diga que fumei um cigarrinho de artista, por favor! Istambul é realmente uma viagem. O máximo que aspirei por lá foi um delicioso narguilé, que, se disserem para você que é inofensivo, é mentira! Tem tabaco na mistura e é quarenta vezes mais forte que o cigarro. Mas uma ou duas fumadinhas não fazem mal. É cheiroso e relaxante.
- Tráfego de veículos pela Ponte de Galata
- Barco-peixaria, no Chifre de Ouro
- Tapeçaria da Mesquita de Süleymaniye
- Tela que delimita o Salão das Orações, na Mesquita de Süleymaniye
- Mosaico Deësis, na Santa Sofia
- Pombos na Coluna Queimada
Desconstruindo a imagem única que faço de Istambul, destaco as gaivotas, salpicadas por toda parte, seja de noite ou de dia. E como disse a Ana, vida de gaivotas é muito boa. Primeiro, porque elas voam. Segundo, porque elas têm o Bósforo inteirinho para caçar seu alimento, disponível na hora em que quiserem. Terceiro, podem passear pelas mesquitas, torres e diversos monumentos da cidade sem ser importunadas ou impedidas. Quarto, porque são todas iguais, não existe uma magra, gorda, feia ou bonita, muçulmana ou cristã, portanto não há discriminação ou dificuldade em encontrar um(a) parceiro(a). Quinto, porque moram em Istambul.
- Gaivota vista da Torre de Gálata
Já vi gente não se empolgar quando vê alguma fotografia da cidade. Mais do que ser vista em fotos, Istambul é para ser vivida. Torço para que você consiga ir lá algum dia. Assim, entenderá minha viagem, nos dois sentidos.
Para conferir este relato na íntegra, acesse meu blog em fuievouvoltar.com.
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