São 8:30 da manhã, acabei de chegar em Agra pelo trem noturno e estou aqui somente para um dia. Vou até a rua e logo sou atacado por 30 Tuk-Tuks diferentes, me oferecendo todo tipo de pacote de turismo diferente.

Para um estrangeiro qualquer valor oferecido por eles é aceitável, pois cada 1 real são 20 rúpias, 50 reais são 1.000 rúpias, com esse valor (R$50,00) você consegue um motorista para o dia todo e com mais 3.000,00 rúpias você entra em todas as atrações da cidade e come o dia inteiro, ou seja 200 reais são suficientes para visitar o Agra Fort, o "Baby Taj",o famoso Taj Mahal (não se esqueça de ver o Sol se pôr atrás dele, vale a foto) e garantir as refeições do dia.

Isso teria sido muito simples, se não fosse o fato de a Índia se encontrar atualmente em uma grande crise monetária. Desde o começo de Novembro, o primeiro ministro, em uma tentativa de acabar com o dinheiro sujo do país, removeu de circulação todas as notas de 500 e 1000 rúpias. Essas notas equivaliam à 80% de todo o dinheiro em circulação, e quase 90% de todas as transações aqui ainda são feitas em dinheiro. Os bancos limitaram o saque diário à 2 mil rúpias, e a troca de dinheiro em outras moedas à 5 mil rúpias por semana.

Então, o que era pra ser simples, passou a ser um enorme problema. Lugares que aceitam cartão tem toda a nossa atenção, bancos e casas de câmbio trabalham de formas suspeitas para atender a demanda de turistas, e vendedores que não aceitam cartão passam a vender muito menos. E isso é somente um único ponto de vista. Em um país com 1,3 bi de pessoas, é impossível imaginar todo tipo de problema que as pessoas estão passando.

Mas sei contar algumas histórias. Por exemplo a do Muneem, o motorista que passou o dia conosco em Jaipur, que nos disse sorrindo que ele com o seu trabalho tem mais dinheiro que todos que conhece, sem nunca precisar encarar horas na fila do banco. Por trabalhar só com turistas e dinheiro vivo, hoje ele faz empréstimos para conhecidos e tem um poder para negociar com qualquer um. Enquanto isso eu vou descobrindo como continuar minha jornada, sempre procurando um caixa eletrônico ou um adesivo de cartão de crédito numa porta de restaurante.

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