A conheci no trem indo de Khajuraho para Agra. Ela não falava inglês, apenas algumas poucas palavras.

Me chamou atenção a sua filhinha, um bebê, já com o olho pintado e também seu belo sorriso, algo não comum entre indianas que estariam na classe do trem que eu estava.

Sua simpatia contrastava com a cara fechada de seu cunhado, que fazia as vezes de segurança, devido a estupros serem comuns em trens indianos. O marido é soldado no exército e ela tinha ido visitar a sogra e voltava para casa.

Não lembro se perguntei seu nome, um lapso ou minha péssima memória deixou escapar novamente. Mas sempre me lembro dela como um símbolo bonito e ao mesmo tempo triste, de um mundo onde mulheres ainda precisam de leis que lhes garantam que quando um homem lhes faça mal, sejam punidos.

Um dia essas leis não serão mais necessárias, nem mesmo um dia que precise lembrar de tudo isso. Esse dia chegará, sou um otimista, até lá sigam sua luta.

Força vocês tem mais do que nós.

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