GRATIDÃO: as pessoas e minha VIDA de VIAJANTE
Algumas pessoas influenciaram minha vida de viajante. Cada uma delas teve papel fundamental e marcante na forma como eu viajo hoje e até mesmo porque eu viajo.
Eu acredito que viajar é uma arte que se aprende viajando e quero, nesse fim de ano, expressar minha gratidão a essas pessoas que deixaram marcas em minha vida, que me mostraram outros ângulos, outras perspectivas, sentidos e compreensões do mundo e da maneira como desbravá-lo.
Eu tenho sorte! Meus pais amam viajar e desde sempre nos levaram por aí, para conhecer lugares, muitas vezes sem rumo muito definido ou planejamentos detalhados, apenas pelo prazer de ir.
Conhecemos muitos lugares interessantes por esse Brasilzão por causa deles: sertão da Bahia, sul do Brasil, sudeste, várias cidades nordestinas... Eles nos mostraram as diversidades de nosso país.
Nessas viagens de nossa infância e adolescência, primos e tios nos acompanhavam com certa frequência e a farra era garantida. Lembro-me de reuniões em nossa casa para definir a região, olhar mapas, escolher datas. Era o máximo de planejamento porque o resto nós íamos descobrindo já com o pé na estrada.
A diversão para mim começava nessas reuniões em casa e acho que por isso até hoje gosto da fase pré-viagem.
Uma vez passamos o Natal em uma pequena cidade no interior de Santa Catarina: tudo fechado! Demos uma volta na praça e fizemos nossa festa particular no quarto do hotel. Inesquecível! Tenho muitas boas lembranças como essa.
Eu cresci e mesmo depois de adulta ainda fiz algumas viagens com meus pais, mas outras pessoas entraram em minha vida. A primeira delas foi Lorena. Ela me ensinou que não há limites para viajar. Com ela eu fui de Salvador até Porto de Galinhas – quase 800 quilômetros – de Kombi!
Foi uma longa e dura viagem que iniciou a minha mudança como viajante. Também foi ela quem me apresentou Itacaré, quando o lugar não era nada mais que uma aldeia de pescadores e surfistas: praia, pé no chão, comendo o que tinha, sem luxo ou frescura.
Isso sem contar, que fomos parar na Chapada Diamantina, onde nossa hospedagem se resumiu a um colchão no chão. As refeições costumavam ser pão artesanal (que eram entregues em carrinhos de mão) com maionese e orégano e frutas que os moradores nos presentavam com imensa generosidade.
Com seu jeito low profile de viver, Lore me ensinou a relaxar.
Em seguida, Nanda entrou em minha vida. Tínhamos amigos em comum e calhou de estarmos juntas na casa de uma amiga no Rio de Janeiro na mesma semana. Um dia ela me perguntou: vamos passar o fim de semana em Paraty?
Como Nanda? Ora, fazemos uma mochila, vamos até a rodoviária, compramos passagens e vamos. Simples assim!
Fomos! Essa menina do mundo me mostrou como diminuir o ritmo: esquecemo-nos da vida em cachoeiras, tomamos chá ouvindo bossa nova enquanto a chuva desabava sobre Paraty e caminhamos sem rumo pela pequena cidade.
Entretanto, o legado mais impactante que Nanda me deixou foi que as pessoas são fundamentais em nossa vida de viajante. Ela entrava nas lojas, sorveterias, restaurantes e conversava com as pessoas, perguntava coisas, interagia.
Eu só observava encantada, encaixotada dentro de minha timidez.
Essas foram as primeiras sementes plantadas em minha vida de viajante. Até que apareceu Léo e fez tudo isso germinar e amadurecer. Com ele fui fazendo ajustes, até sedimentar em mim a forma como eu viajo hoje.
Com Léo fiz snowboarding pela primeira vez, fui conhecer o Deserto no Atacama, fomos ao Japão e à Rússia. Visitamos praias lindas como Caraíva, Jeri e Maragogi. Ouvimos flamenco em Sevilla e tomamos banho árabe em Córdoba.
Desbravamos pequenas cidades como Girona e Verona e cidades grandes como Londres e Cidade do México. Vimos inúmeros jogos de futebol. Corremos provas de corrida de rua mundo afora. Comemos ostras em Floripa e bandeja paisa na Colômbia.
Diminui ritmo, ansiedade e bagagem. Aprendi a apreciar, viver, curtir, conversar. Com Léo transformei-me em uma viajante melhor, mais atenta, mais observadora, mais generosa. Espero que possamos percorrer ainda muitos outros quilômetros juntos.
Entendi que sou visitante e que estou ali para descobrir, aprender, conhecer. Para isso, exercito a capacidade de observar, sem críticas ou censuras. Percebi que a troca só vai existir se eu respeitar o país que está me acolhendo naquele momento.
Eu ainda tenho muito, muito a aprender. A cada viagem, me torno uma viajante distinta, um ser humano melhor porque estou sempre mudando as minhas interpretações e visões, aprendendo algo novo. Posso afirmar que sou uma colcha de retalhos em constante construção e adaptação.
A todas essas pessoas especiais que me ensinaram alguma coisa sobre essa arte que é viajar, nesse fim de 2016, meu MUITO obrigada! Que todos nós possamos trilhar mais e mais quilômetros mundo afora.
Feliz 2017 queridos viajantes dubbi!!
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COMENTÁRIOS:
RUTECN comentou 8 anos atrás
Feliz Ano Novo! Que Deus a proteja, sempre! Que Ele proteja a todos nós, viajantes! Beijos
Analuiza Carvalho (Espiando Pelo Mundo) comentou 8 anos atrás
oi Rute... amém! Que 2017 chegue suave e próspero para todos nós. Que o Universo nos proteja e nos dê saúde para percorrermos muitos quilômetros mundo afora. Feliz 2017 para você. beijo grande Ana
Rose Sena comentou 8 anos atrás
Inspiradora!!
Analuiza Carvalho (Espiando Pelo Mundo) comentou 8 anos atrás
Obrigada Roseneide. Esses comentários gentis sempre me alegram! bj Ana
Andréa Sâmia comentou 8 anos atrás
Lindo texto. Lindas histórias e aprendizados. Gratidão.
Analuiza Carvalho (Espiando Pelo Mundo) comentou 8 anos atrás
Obrigada Andréa: por ter lido e pelo recado gentil! :)