Como fazer compras na Índia
Antes de pensar em se vacinar contra febre amarela, comprar um repelente que mata até elefante ou rezar para não morrer de diarreia, é preciso aprender uma lição fundamental ao viajar para a Índia: como fazer compras no país. Se o indiano comum é um inconveniente que te para na rua para perguntar sobre sua família, últimas cáries e o valor do seu salário, o indiano-vendedor é um chato de galocha.
No complexo de lojas do Main Bazar, em Nova Déli, cintos voam sobre cabeças, carteiras aparecem misteriosamente nas mãos do cliente, enquanto lenços, chás, perfumes, estátuas e jogos de videogame são oferecidos sempre a um “good price, sir”.
(foto: vivelavie.travelblog.fr)
Mas a pior parte de fazer compras só vem à tona se você realmente deseja levar algum dos produtos. Subvertendo o mantra “time is money”, adquirir um iate ou um simples pacote de balas na Índia pode levar uma tarde inteira. Para o indiano-dono-de-loja, negociar é quase mais importante do que fazer o cliente levar alguma coisa.
Tudo começa com um chai ( chá preparado com leite) no interior do estabelecimento. O vendedor, então, passa a indagar sobre seus pais, esportes favoritos, lugares mais inusitados em que já tomou banho e o tempo que vai passar no país. Após a conversa preliminar, que pode durar mais de 15 minutos, ele logo te mostra todos os itens da loja. Todos. De sabonetes a estátuas do deus Shiva. De camisetas a frasquinhos com petróleo.
É nessa hora que o ocidental mais erra. Não se pode, é claro, cair na tentação precipitada de mostrar interesse logo de cara pelo produto que quer levar. A negociação para o indiano é como uma dança: não se executa o grand finale sem antes ensaiar alguns movimentos.
Antes de abordar o objeto desejado, pechinche um descansa-copos, um guardanapo ou um corta-unhas. Só depois é hora de partir para o prato principal, o clímax da negociação, o que realmente quer levar para casa.
Esse é o momento mais delicado, pois é considerado heresia pelo código de conduta local simplesmente perguntar o preço e levar o objeto embora. Primeiro porque o produto estará duas, três, dez vezes mais caro do que o normal. Segundo porque o vendedor vai se sentir ofendido. Não negociar é mais do que jogar água no chopp do indiano. Significa que ele poderia ter cobrado a mais pela mercadoria.
Porém, também é falta de educação oferecer um preço muito baixo. Nesse caso, ele ficará ainda mais ofendido, ao pensar que seu produto foi avaliado como de má qualidade. Não existe fórmula. Mas oferecer a metade do valor pedido é o comportamento mais aceito pelas normas de etiqueta da Índia.
Após cerca de duas horas, cinco ou seis chais e um soco no estômago da paciência, você sai da loja feliz por ter pago “super barato” por um produto “que custa vinte vezes mais caro no Brasil”. Enquanto isso, o indiano-vendedor sorri por ter vendido a mercadoria por, pelo menos, o dobro do que havia planejado.
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COMENTÁRIOS:
Diana Emidio comentou 8 anos atrás
Belo texto Bruno... vou a índia ano que vem, e vou usar direitinho suas dicas! vlw!
Vilma Palomar comentou 7 anos atrás
Excelente!!
Agnaldo Ferreira comentou 5 anos atrás
Quero comprar o Nokia Edge 8GB RAM 42 MP Dual.... resposta para e-mail [email protected] com foto...aguardo.