4 motivos para conhecer Inhotim
Em algum momento de sua vida, provavelmente numa exposição do Sesc ou no bar com aqueles amigos da USP, uma das espécies brasileiras que mais se prolifera na atualidade já cruzou o seu caminho: o chato da arte contemporânea.
O Homo artisticus atualis é uma praga moderninha que costuma fixar seu ninho nos corredores de galerias de arte, não comer ninguém e ter vocabulário restrito, repetindo Andy Warhol, Marina Abramovic e descafeinado a cada três ou quatro palavras. Pois foi justamente um exemplar desta incômoda espécie que me fez torcer o nariz ao escutá-lo falar sobre Inhotim, “o lugar mais inspirador e provocador deste país, onde é quebrada a quarta parede no mundo das artes plásticas”. Quase vomitei.
Aberto desde 2005, o Instituto Inhotim fica na cidade Brumadinho (MG), a mais ou menos 60 km de Belo Horizonte, e é um dos principais centros de arte contemporânea do país. Espalhados por 110 hectares (ou 110 campos oficiais de futebol), dezenas de esculturas ao ar livre e 22 pavilhões, que abrigam de fotografias a intalações, exibem o que de mais significativo vem sendo produzido dentro e fora do Brasil.
Acontece que o mundo dá voltas, você acaba conhecendo uma menina mais das artes e, poucos meses depois de o chato contemporâneo te falar sobre Inhotim, lá está você fazendo as malas para Minas Gerais. Alugamos um carro logo de manhã em BH e, uma hora mais tarde, estávamos na fila da bilheteria para comprar o ingresso, que custa R$ 30 (R$ 20, às quartas e quintas) e dá direito a passar o dia inteiro por lá. E foi aí que tive a grande surpresa: Inhotim é muito legal.
Mais do que um espaço para os artistas de plantão, o instituto é pensado para ser divertido, acessível e bem agradável: uma mistura de parque e museu. Não à toa recebeu mais de 300 mil pessoas em 2013 -entre elas, o Quatrobotas, que lista agora quatro motivos para deixar a preguiça de lado e conhecer o lugar.
1) Não é um museu
Nada de corredores, portas, ar condicionado ou fila pra tirar uma selfie em frente à escultura mais concorrida. Todo o acervo fica espalhado por uma área verde que abriga quase 5 mil espécies vegetais e, desde 2010, é considerado também um jardim botânico.
Na prática, fica parecendo que Inhotim é um parque gigante que, por acaso, tem umas obras de arte curiosas espalhadas entre palmeiras, orquídeas, bosques planejados, bancos que parecem troncos colossais, trilhas pela mata e até um jardim disposto em forma de mandala.
Para a turma que gosta de passar os sábados abraçada nas árvores do bairro, oficinas sustentáveis costumam ser ministradas com frequência. Quando estivemos por lá, monitores ensinavam velhinhas e jovens cabeludos a montar um vasinho de plantas com sobras de bambu.
2) Você pode mergulhar nas obras. Literalmente
Pode esquecer a ideia de que arte contemporânea é sinônimo de um bando de gente inexpressiva olhando um quadro todo preto como se fosse a obra mais genial. Lá é possível nadar, queimar e até dormir nas instalações do acervo. É sério: uma das obras, do argentino Jorge Macchi, é uma piscina com vestiário e tudo, onde qualquer visitante pode colocar aquela sunguinha guardada no armário e mergulhar (por isso, leve roupa de banho na visita).
A parte mais divertida nesse sentido é a Galeria Cosmococa, do Helio Oiticica. Nela, salas escondem uma piscina, redes de dormir, centenas de bexigas, colchonetes com lixas de unha e uma espécie de pula-pula. Tudo acompanhado de projeções com desenhos feitos em capas de discos de Jimi Hendrix, Yoko Ono e outros. Dá para passar o dia inteiro por lá.
3) É um museu
Afinal, o fino da arte produzida hoje está exposto em Inhotim. São esculturas, instalações, fotografias, quadros, objetos de design bem difíceis de serem vistos por aí. E o melhor: ao ar livre.
Mas, se isso não for argumento suficiente para a visita, o lugar é ótimo para impressionar aquela atriz ou aquele cineasta alternativo de quem você está afim faz tempo.
4) É do lado de BH
Seja pela empolgação por ter conhecido um dos espaços mais interessantes do país ou por ter achado a visita um porre, os mais de 12 mil botecos de Belo Horizonte, considerada a “capital mundial dos bares”, estão abertos a menos de uma hora de Inhotim, cheios de cervejas e cachaças mineiras para embalar a comemoração ou afogar as mágoas.
Para saber mais: www.inhotim.org.br
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