Os perrengues que passei no pior hostel do mundo


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Não fala que atrai. Foi o que eu ouvi de uma amiga ao dizer que tudo que é ruim pode piorar.

Estávamos fazendo um mochilão de trinta e quatro dias pelo leste europeu e éramos quinze brasileiros. Desde o princípio era óbvio que passaríamos por alguns perrrengues, por causa da grana curta que nos fez alugar os hostels mais baratos possíveis.

No meio do caminho, o saldo era algumas hospedagens melhores que as outras, porém nada de muito crítico. Até chegar em Varsóvia, capital da Polônia, onde ficamos quatro dias.

É difícil até começar a explicar como foi a estadia naquele hostel, mas vou tentar. O check in levou mais de uma hora, mas relevamos, essas coisas acontecem. O engraçado foi que encontramos outro grupo de quinze brasileiros (e mais três de um outro grupo). No total, 33 brasileiros em um hostel com capacidade para 40 pessoas. Estava me sentindo em casa, já que o idioma oficial por ali era o português.

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E como tudo estava bem, eu resolvi tomar um banho para poder descansar. Foi aí que percebi a cilada. Haviam três chuveiros, porém só podia ser usado um de cada vez pois era o único jeito da água ficar quente. Lá, quente deve ter outro significado. Na minha concepção e das outras 32 pessoas ela estava bem gelada. Lembrando que era janeiro e nevava muito, o que não torna banhos gelados muito atraentes.

Mas não havia o que fazer, o banho era necessário, então fui. A água gelada não era o pior. Quer saber como isso era possível? Era possível porque o ralo estava entupido, ou seja, era uma banheira onde você tomava banho e a água subia até para cima da canela com a sujeira, cabelo, etc de todas as pessoas que já haviam tomado banho naquele hostel desde 1950, então ao sair do banho era necessário entrar em outra cabine de chuveiro, ainda não alagada, e lavar os pés.

Tudo isso lembrando que estávamos em meio a brasileiros, em sua maioria com hábitos de higiene que envolvem dois banhos por dia, ou seja, pra tomar banho havia uma fila gigantesca. Vasos sanitários também só haviam dois, não foi fácil fazer todas as necessidades fisiológicas.

Vamos a outra coisa importante, os quartos. Já que os chuveiros eram ruins, os banheiros eram ruins, alguma coisa tinha que ser boa e só podia ser os quartos. Não. Os quartos em si não eram ruins. Espaçosos, arejados, limpos. Porém, ao deitar na cama eu percebi que a espuma do colchão era mais fina do que a bucha da cozinha e não fazia diferença deitar nela ou diretamente no estrado, além do travesseiro que devia estar no Guinness como o menor travesseiro do mundo.

A cozinha não tinha panelas e fechava cedo, a equipe do hostel não fazia questão de nos tratar bem, entre outras pequenas coisas que fizeram um ambiente desagradável se tornar desagradabilíssimo.

Sobrevivemos até a última noite, só faltava ela, e poderíamos seguir em frente, levando conosco a sabedoria que cada situação difícil nos ensina. Foi, então, que lancei a maldição com a frase: “Tudo que é ruim pode piorar”, e fui rapidamente repreendida pela minha amiga que me informou sobre a propensão das coisas acontecerem se você pensa sobre elas.

Não havia mais como evitar, eu chamei, eu atraí, eu pensei e foi o suficiente. Já na hora de dormir, com todos deitados em seus respectivos estrados e a cabeça repousada sobre o menor travesseiro do mundo, entra um senhor polonês para ocupar a única cama vazia.

Começou sendo simpático, conversou com todos sobre o frio, a neve, a cidade e por último sobre seu problema de roncar muito alto. Sim. A resposta do universo veio a galope, ele tinha um problema de roncar muito alto. Até aí eu pensei que isso seria ruim, no entanto, superável. Talvez demorasse um pouco mais para dormir, mas uma hora ou outra todos acabariam pegando no sono.

E foi assim que não aconteceu. O senhor não roncava alto, ele era um trator, e, entre uma roncada e outra, haviam engasgos, palavras, flatulências, e afins. Resumindo, na última noite ninguém dormiu.

A sorte é que para gente tudo isso acabava virando motivo de risada, pois não podíamos fazer nada a respeito e sabíamos que a cada perrengue haviam muitos outros por vir ainda.

Na manhã seguinte fomos embora do hostel sem grandes despedidas. E foi assim que eu aprendi sobre a lei da atração e suas consequencias malignas quando você aluga o hostel mais barato da cidade.




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