Como o México virou minha segunda casa apesar da desconfiança de amigos e parentes
Era preciso escolher o destino do meu intercâmbio.
Com os olhos fixos na tela, busquei os países em que se falava espanhol, e foram três as opções: Argentina, Colômbia e México. Descartei a primeira por causa do sotaque, que até hoje não me “cai bem”, e o segundo por não ter no edital uma universidade que casasse com o meu objetivo de ir estudar jornalismo. Fiquei com o México.
“O México? Mas por que o México?” era o que me perguntavam os amigos e parentes. Eu deixei o país me surpreender. Tudo aconteceu rápido e a primeira lição que aprendi com essa viagem é que nem tudo precisa ser planejado.
Cheguei e fui apresentada a Tequila, que não é só uma bebida, mas um povoado próximo à Cidade do México. Deixei o hábito de comer com garfo e faca e devorei com as mãos dezenas de tortillas, recheadas e apimentadas – que quando são partidas e fritas chamam-se totopos, e não nachos ou doritos (rs).
Em pouco tempo já sabia que de paradisíaco no México não existe só Cancun, mas centenas de paisagens, das quais destaco Hierve el agua, em Oaxaca – onde fios de água escorrem pela pedra e deixam cristalizar sais minerais – e Agua Azul, que de longe, é uma das cascatas mais lindas que já vi na vida.
Em terras mexicanas também descobri que há espaço para preservar tradições, manter vivos dialetos indígenas e lutar pelo respeito à liberdade religiosa. Em San Juan Chamula, por exemplo, um templo é a mostra do mais puro sincretismo religioso.
Repleta de velas de todos os tamanhos, a igreja de San Juan Bautista convive com santos católicos em pedestais cercados por vidro e fiéis ajoelhados no chão que rezam em seu idioma e fazem sacrifícios em nome de sua fé.
Rico em cultura e história, o país ensina ainda que mais ao sul das ruínas de Palenque existem as de Yaxchilán, onde nem todo o turista chega, mas aquele que chega não se arrepende.
E, para não dizer que é tudo maravilhoso, tive receio de ir mais longe. Tem estados em que as pessoas são extorquidas pelos narcotraficantes, algumas desaparecem e outras tantas inocentes são mortas.
Mesmo assim, me despedi com o brilho e a esperança no olhar por dias melhores, além do abraço apertado e acolhedor que me fez encontrar minha segunda casa no mundo.
Marina Salles, criadora do projeto Narradores Viajantes
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