Nas cachoeiras da Chapada dos Guimarães, encontrei minha esposa e até levei uma picada de jararaca
O encontro não foi nada pornográfico, nem mesmo poético. Eu estava na cachoeira com a enxada na mão, bastante sujo por trabalhar nos canteiros. Ela chegou vestida com roupa de casa, bem simples, para dar um mergulho na cachoeira. Estava acompanhada da mãe, a quem eu já conhecia. Fomos apresentados e falamos oi. À noite, fui convidado para uma roda de violão na casa delas em volta da fogueira. Em pouco tempo ela seria minha esposa.
Estou morando há um ano na cidade de Chapada dos Guimarães (MT), a principal porta de entrada para o parque de mesmo nome e um dos principais do Brasil. Foi aqui que tive a sorte do encontro na cachoeira com a Lótus, nativa da região.
Vim parar por essas terras totalmente ao acaso. Tinha terminado a faculdade de engenharia de produção na Federal de São Carlos, e a prometida vaga de efetivação no meu estágio não saía nunca. Certo dia um amigo me diz que mudou para o Mato Grosso e estava morando na sede de uma ex-ONG, a que criou o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Ele queria reconstruir o local e precisava de umas cabeças pensantes para ajudá-lo na empreitada. Aceitei o convite.
Foi a melhor decisão que poderia ter tomado na minha vida. Eu me encontrei no mato, aquela loucura de São Paulo não é para mim não. Me encantei por essa terra paradisíaca e pelas pessoas da região.
Na época em que estava parado após a faculdade, passei a me envolver com assuntos ligados ao autodesenvolvimento, elevação espiritual e compreensões do significado da vida. Por ser o centro geodésico da América do Sul, a Chapada sempre foi conhecida como reduto místico. É um terreno fértil para eu colocar em prática esse meu lado.
Até episódios mais graves no fim das contas eu acabo achando uma experiência que valeu a pena. Me refiro à vez que fui picado por uma jararaca. Era fevereiro, véspera de carnaval. Levei um amigo para conhecer a cachoeira mais remota que existe na Chapada. Minha intuição estava a mil desde a hora em que chegamos. Na volta, passei por cima da cobra e ela me deu o bote no segundo pé. Era uma cobra grande, de mais de um metro. Passei cinco dias no internado no hospital. Descansei bastante e aproveitei para meditar.
Eu sempre fui apaixonado pelas regionalidades do Brasil e pelo quanto a nossa cultura é riquíssima, mas só quando você passa a morar é que sente isso na pele.
Nunca fui para fora do Brasil e por enquanto não tenho como meta. Existem muitos locais incríveis e inexplorados no nosso país. Meu próximo objetivo é Barra do Garças, aqui no Mato Grosso mesmo. É um lugar lindo, com grutas, cavernas, parques, trilhas, cachoeiras, lagos, tribos indígenas. Depois, Amazônia e Pantanal me esperam.
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COMENTÁRIOS:
juliana lourenço comentou 4 anos atrás
Adorei a história, meu sonho é morar na chapada, mas como é difícil encontrar um imóvel para alugar lá, com um preço razoável. Felicidades