Viajei no limite do orçamento. E foi a melhor coisa que fiz.


  Tailândia, Bangcoc, Chiang Mai, Krabi, Ayutthaya, Ásia  2771 visualizações

Após 1 ano e meio morando na Holanda para dar conta de um mestrado puxado, trabalho, inverno e aproximadamente mil imprevistos, decidi que merecia uma viagem. O plano era partir assim que entrasse oficialmente para o clube do mestre Yoda para um destino que fosse novo, quente, diferente de tudo o que já vi - e barato. De todos os pré-requisitos o mais inflexível era o budget – baixinho, baixinho. Veja bem, sendo eu estudante na Europa com trabalho em tempo parcial, você pode imaginar que sobrou pouca coisa para a caixinha de viagens. Com um help da família embarquei quebrada para a Tailândia para uma aventura improvisada de 14 dias.

Eu não tenho frescura. Me proponho a ficar a encarar as opções mais baratas de hospedagem, transporte e comida. Mas ainda não alcancei o nível Jedi de desapego de arriscar conseguir casa, comida e roupa lavada de graça. Também não tenho lá muitas habilidades para fazer igual a esse pessoal que troca trabalho por teto mundo afora. O jeito era espremer o orçamento.

Meu budget era 300 euros para tudo. Comecei estabelecendo quanto que daria para gastar com hospedagem: 5 euros por noite. Pouco? Com muita pesquisa consegui manter a média. Foram 6 hostels diferentes e a única escolha que não foi boa – pasmem – foi justamente a mais cara delas (8 euros/noite), em Tonsai Beach, Krabi. Não posso reclamar muito, pois além de ser a opção mais barata disponível, a avaliação no Booking.com já tinha me preparado para o que estava por vir. Mesmo assim, não tem como não mencionar que a porta do banheiro não fechava, o quarto tinha um único ventilador que só ligava após as 18h e não dava conta do calor, macacos roubaram meu maiô e eu ralei minha perna toda num buraco no assoalho de madeira da varanda. Mas vendo pelo lado bom, o hostel tinha toda uma atmosfera digamos rústica-roots-hippie-não-me-depilo-nunca-e-fumo-uns-bagulho-loko, que deixou a experiência no mínimo interessante – sem os bagulho loko.Rana Gabriel Taquini adicionou foto de Tailândia,Bangcoc,Chiang Mai,Krabi,Ayutthaya,Ásia Foto 1

Área comum do hostel em Tonsai Beach, Krabi - Só não deu para perdoar os macacos.

Ok, me sobrava os custos com comida e transporte. Passar fome não estava nos planos e foi aí que um enviado dos céus me apareceu. Parece exagero, mas eu juro que ouvi cantos celestiais todas as vezes que dei frente com uma loja 7 Eleven. Estou falando de sanduíches de atum por 13 Bahts. Divida por 10 e você terá o valor em Reais. Divida por 38 e você terá o valor em Euros. Comi carboidrato adocicado (sim, até o salgado é doce) por 14 dias e emagreci. É ou não é divino?

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Já estava escrito: “7 Eleven é meu provedor e nada me faltará!”

Aí veio a parte complicada: transporte. Veja bem, na Tailândia a ordem é sempre pechinchar. Vai ter vezes que você vai se aborrecer com isso, mas fazer o quê?

Junto com mais 3 amigos consegui desconto em todos os passeios que fiz saindo das ilhas. As vezes a gente conseguia reunir mais pessoas nos hostels e até nas praias para ter mais poder de barganha. E funcionou. Quando não rolou desconto, rolou uma hora a mais por exemplo. Faça isso sempre que puder! Mas saiba a hora de parar – afinal, o controle do motor do barco está nas mãos da outra parte e você não quer sofrer um acidente sem-querer-querendo.

Já nos passeios saindo de Bangkok e Chiang Mai eu resolvi que faria por conta. O que ajudou muito e eu sugiro fortemente que você faça é comprar um chip local com internet ilimitada assim que chegar no aeroporto em Bangkok. Eu comprei um válido por 15 dias por 600 Bahts. A internet móvel na Tailândia é de dar inveja em muito wi-fi por aí. Rolou até Facetime no alto mar para você ter uma idéia. Com internet você consegue andar de transporte público até quando não tiver nenhuma informação em inglês ou pessoas que te entendam.

Foi assim que consegui ir e voltar do mercado de final de semana de Bangkok e gastar 10% do que gastaria mesmo depois de negociar muito com um taxista. O cobrador do busão não entende para onde você quer ir? No problem, Google Maps está aí para isso.

A minha ida de Phuket para Chiang Mai coincidiu com o ano novo tailandês. Logo, passagens aéreas e de trem estavam fora do precinho que eu podia pagar. Aí descobri o quanto eficiente e econômico seria ir de ônibus intermunicipal. Minha única ressalva era perder dia de passeio em ônibus então logo tratei de conseguir vaga nos ônibus noturnos: além de práticos eu economizaria em diárias de hostel. Ao final da viagem foram 3 diárias a menos.

Fazer o caminho direto de Phuket para CM me custaria um dia e noite inteiros. O jeito foi a seguinte empreitada: 15 horas de ônibus noturno de Phuket para Bangkok. Dia todo em Bangkok. 12 horas de ônibus noturno de Bangkok para Chiang Mai.

Depois de fazer o primeiro trecho. cheguei na rodoviária de Mo Chit em Bangkok logo pela manhã.  Deixei a mochila guardada lá mesmo e peguei um ônibus público até a cidade. Descobri que próximo ao Victory Monument saem mini buses toda hora direto para Ayuthaya. Eu tinha o dia todo, então um bate e volta até as ruínas da capital do antigo império Sião era a ordem da vez. A van tinha ar condicionado e o conforto normal de um mini ônibus. Chegando lá, uma negociação com o motorista do Tuc Tuc para nos levar aos principais tempos e ruínas (e esperar por toda nossa turistice) nos ajudou a salvar alguns bats - e nos rendeu a simpatia dele e da esposa que seguiu viagem conosco. A ida, volta e transporte lá ficou nem a metade do que as agências da Khaosan Road cobrariam.

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Com o Tuc Tuc a ordem é negociar sempre!

De volta a rodoviária, descobri que tinha chuveiro limpinho e disponível por 13 Bahts. Depois do banho foi hora de um jantar provido pela 7 Eleven no chão da rodoviária. Uma coisa que ajuda bastante a quem quer economizar é pesquisar a disponibilidade dessas facilidades (chuveiro, restaurante, guarda volumes) nas rodoviárias e aeroportos. Como eu já sabia que a Mo Chit oferecia tudo isso, não precisei viajar a noite toda suada e nem pagar hostel só por um chuveiro.

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Viajar nóis viaja, mas é cada perrengue que nóis passa...

Mais uma vez, a viagem de ônibus noturno me surpreendeu. Com direito a jantar típico (e free) no meio caminho, a viagem foi super tranquila. Chegando em Chiang Mai de cara me assustei com o tanto que precisaria desembolsar para fazer todos os passeios que gostaria. O mantra de “fazer como os locais fazem” reinou mais uma vez.

Às vezes o conhecimento de inglês te ajuda mais com as pesquisas que você precisa fazer antes do que com a viagem em si. Foi num fórum de viagens em inglês que descobri que dava para pegar taxi para o Doi Suthep por metade do preço no Chang Puak Gate. O mesmo valeu para transporte público em Bangkok. Não sei o que rola com os brazucas, mas no geral encontrei poucas dicas em português de como fazer passeios ou trechos por conta, seguindo rotas mais baratas e personalizadas. Normalmente o pessoal acaba relatando as experiências com os passeios prontos. Será pela segurança? Conforto? Medo da língua? 

Do Doi Suthep mesmo já negociei com a taxista um preço para ir ao Tiger Kingdom, incluindo ida e volta e tempo de espera lá. A taxista, uma senhora com certa idade, topou o que propus com a condição de passar na casa dela antes e repassar a corrida para a filha, que aproveitou e levou os dois filhos juntos para ver os tigres. Morri de fofura quando vi as crianças.

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O dia seguinte estava reservado para o templo branco de Chiang Rai. Novamente, os preços cobrados pelas agências me pareciam insanos. Sem falar que os pacotes que eles oferecem traziam mais um monte de atrações que não me interessavam e que no geral tinham sido mal avaliadas em diversos fóruns e blogs que eu li (tríplice fronteira, elefantes, tribos). 

Descobri que tem uma linha direta entre Chiang Mai e Chiang Rai, operada pela Green Bus. Um dica que gostaria de ter recebido: se a sua chegada em Chiang Mai também for de ônibus, aproveite para dar um pulinho no guichê da Green Bus e já deixe seu ticket comprado para Chiang Rai. Na chegada em Chiang Rai foi fácil achar o ônibus para o magnífico templo branco. Voi-lá! Ida e volta não me custou um quarto da grana e do tempo que gastaria com os pacotes.

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Ok, o ônibus local em Chiang Rai é meio digamos, exótico. Mas os ônibus da Green Bus são super bons, com ar condicionado e lanchinho =]

Após a aventura toda de Chiang Mai, ainda pude me presentear com uma massagem tailandesa daquelas que te viram do avesso e te colocam no lugar. Cada estalo nas minhas articulações me fazia lembrar dos perrengues até então – valeu muito a pena!

Hora de voltar para Bangkok. De. Ônibus. Mais uma vez, ônibus noturno foi a pedida. As três experiências que tive com esses ônibus foram muito boas. Esse foi o único VIP que peguei e sinceramente não achei tão melhor do que os express (que são mais baratos). Todos forneceram cobertor (o ar condicionado é forte), lanchinho, jantar, cadeiras reclináveis e pontualidade.

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Quase melhor que avião. E todo trabalhado no estilo night. Achei divo!

Em Bangkok foi a hora de fazer contas e ver o que tinha sobrado para os meus últimos dois dias na Tailândia. Acredite: deu para fazer comprinhas na feira, jantar bem na Khaosan Road e fazer mais uma massagem no pé.

Mas meu maior ganho nesses dias espremendo o orçamento nem foi a gastança dos dois últimos dias. A impressão que eu tenho é que eu tive uma experiência muito mais autêntica do que se estivesse fazendo exatamente o que é esperado de um turista. Veja bem, não tem problema nenhuma em só andar de taxi, comprar os pacotes e passeios prontos e comer em restaurantes montados para turistas. Tudo depende do que você busca com a sua viagem. Se a sua pegada é mais pelo conforto ou você prefere não ter que se preocupar tanto por exemplo, talvez a minha maneira de viajar não seja a mais apropriada para você. 

Eu particularmente curti muito pegar - e pagar o mesmo ônibus que o tailandês pega num dia normal de trabalho. Os ganhos vão das pessoas que você inesperadamente encontra fora do circuito até a sensação de eu-cresci-agora-sou-mulher que dá quando você consegue se virar nas mais diversas situações mesmo sem conseguir se comunicar direito.

No mais, só tenho a dizer que a Tailândia ganhou meu coração e me surpreendeu pela organização, segurança e pessoas – aspectos que eu não fazia ideia que eram tão bons. Ás vezes a gente precisa passar por uma dessas para perder preconceitos. Que bom que eu vivi tudo isso!Rana Gabriel Taquini adicionou foto de Tailândia,Bangcoc,Chiang Mai,Krabi,Ayutthaya,Ásia Foto 9

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COMENTÁRIOS:

Tainah Endlich

Tainah Endlich comentou 7 anos atrás

Muito bacana! Adorei a experiência e as dicas, já vou salvar tudo. Bj Tainah ????????

David Andrade

David Andrade comentou 7 anos atrás

Que bacana Rana!!! Sensacional o seu texto, parabéns! :)

Telma Terra

Telma Terra comentou 7 anos atrás

adorei o relato

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