Desde que coloquei na minha cabeça que viajar é o melhor investimento a se fazer na vida, venho ultrapassando barreiras bastante relevantes no meu dia-a-dia.

Comecei a viajar quando ainda era um guri, mas a minha paixão pela vida de viajante se tornou avassaladora quando fiz um intercâmbio em Vancouver, Canadá.



Quando entrei na faculdade de direito, em 2005, coloquei na minha cabeça que estudaria em Portugal. Não passei de primeira, mas consegui minha aprovação para o tão sonhado intercâmbio. Pulei de felicidade; senti-me realizado.

Mas então surgiu a dúvida: e o inglês? Eu ainda estava no nível básico. Minha professora comentou de um curso no Canadá. Comecei a rir, pois não tinha pretensões de viajar para lá ou para os Estados Unidos. E assim voltei para casa.

A partir daquele instante a palavra “Canadá” surgia na minha mente, até que me rendi. Ia para Vancouver. O guri corajoso estava extremamente feliz. Mas esse mesmo guri só esboçava algumas palavras e frases decoradas em inglês. Fiquei determinado e estudei muito.



E eu consegui. No primeiro dia, ainda travado, consegui responder somente “Yes, I am” (“sim, eu sou” – me referindo à pergunta: “você é o estudante brasileiro que vai morar aqui?”). No dia seguinte fiz o teste de nivelamento. Classificaram-me como “intermediário alto”. Mal pude acreditar.

Um dos episódios mais engraçados foi a vez em que peguei um ônibus errado e fui parar no outro lado da cidade. O motorista, um anjo, desenhou um mapa da cidade explicando o meu erro. Foi quando perguntei: “e agora?”. Ele respondeu: “Agora eu vou te levar para casa”. Fiquei incrédulo.. e ele cumpriu a sua palavra, me deixando, de ônibus, na rua da minha casa.

Enfim, toda esta história serve para chegar no objetivo desse texto. Muitas vezes nos vemos em situações que parecem não ter saída e, com o tempo, observamos que tudo se ajeita. Basta ter paciência e coragem.

Muitas experiências vivi e ainda viverei por esse mundão. Mas o que mais me orgulho é de olhar pra trás e pensar: eu posso; eu consigo!

Encarei uma viagem para os Estados Unidos sozinho. Conheci muita gente bacana, inclusive um Juiz de Direito que mora em Washington D.C., com seus sessenta anos de idade – e viúvo – hospedado no mesmo hostel que eu, partindo de lá com destino ao Brasil e Argentina em um navio de cruzeiro.

Recebi carona de uma família em Orlando após conhecer a matriarca (dentro do ônibus) que estava indo visitar seus filhos na cidade. Arrumei uma companhia para conhecer os parques da Disney e da Universal. Eu, que adoro falar, comecei a conversar com uma garota húngara que também estava indo para o parque sozinha - seus amigos preferiram as compras. Fizemos companhia um ao outro. E assim passamos o dia – sem precisar de selfies!



Voltei para casa muito realizado e mais confiante. Pela primeira vez viajei sozinho e me virei bem no inglês. Foi então que percebi que a gente não deve deixar nossos sonhos e nossas vontades nas mãos de outras pessoas, esperando que o “tempo certo” chegue para realizá-los.



Viajar sozinho proporciona autoconhecimento. O mundo é muito maior do que tudo o que vivemos em nossa casa ou cidade. Fazer amigos pelo caminho é uma dádiva. O gosto da liberdade nos transforma em pessoas corajosas e confiantes, sem medos. Pois a vida é muito curta para deixar oportunidades e momentos virarem apenas possibilidades.

Viajar sozinho muda qualquer pessoa. Ser capaz de explorar o mundo, viajar para encontrar amigos na Europa, participar de casamentos na Austrália e no Canadá, reencontrar ou se redescobrir a cada esquina não tem preço.



O que deixamos pelo nosso caminho não é nada material. São atos, gestos, lembranças. E sentir que você faz diferença na vida de seus amigos que estão espalhados ao redor do mundo é impagável.

Viajar é, como todo viajante sabe, “o melhor investimento” e “eu não viajo para escapar da vida, mas para que a vida não escape de mim”.

Autor: Tiago Imperatori, brasileiro, gaúcho, Advogado, viajante e amante do mundo. “Wanderlust” o define. Siga: @imperatoriwanderlust E-mail: [email protected]

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