No último mês de maio dei início a um projeto pessoal sobre cidades homônimas entre Portugal e o estado do Pará, no Brasil. São mais de 20 localidades, mas escolhi 14: Alenquer, Almeirim, Aveiro, Bragança, Chaves, Faro, Melgaço, Óbidos, Portel, Santarém, Soure, Oeiras, Ourém e Viseu.

Ao longo dos últimos quatro anos escrevei e reescrevi ideias, pensamentos, mini-roteiros, escaletas de pesquisa, chafurdei sites e mais sites tentando encontrar referências, dados históricos, imagens dos locais. Entre outras coisas, descobri que são mais de 20 localidades homônimas entre Portugal e o território paraense. E antigamente eram mais ainda, só que muitos vilarejos sucumbiram ao tempo e às disputas políticas.

Decidi que faria o projeto a qualquer custo. O plano é filmar as cidades portuguesas em 2016 e as paraenses no ano seguinte.

Desde que coloquei na cabeça que eu embarcaria de corpo e alma nesse projeto, a ansiedade não deu sossego. Durante os últimos oito meses, não passei um dia sequer sem mexer nas minhas planilhas de orçamento, ver a cotação do euro, ler blogs sobre Portugal, pesquisar hostels, dicas de restaurantes e passeios. Fucei Booking, Trivago, AirBNB, Pousadas de Juventude de Portugal. Apesar de juntar grana durante um ano, a subida do dólar contribuiu pra fazer um orçamento pesado, apertado e suado.

Quando comecei a planejar, a proposta seria passar de dois a três dias em cada local. Mas em algumas cidades do interior o preço da hospedagem era muito caro para o meu budget: cortei todas as opções com mais de €40 por noite. Por causa disso acabei tendo que optar por um roteiro com “cidades-sede”, que funcionariam como ligações entre cidades mais próximas e cujo custo médio da diária fosse torno de €20. Em Lisboa, por exemplo, achei algumas pechinchas por €11!

Minha planilha foi dividida em quatro seções: passagens aéreas; deslocamentos terrestres; hospedagens; e gastos extras (diárias de alimentação e um troquinho para os passeios que fossem pagos). Tudo isso deu um total de cerca de R$ 15 mil.

E assim, de risco em risco, vou concretizando o que acabou se tornando uma obsessão. Cair de cabeça nesse projeto me mostrou?—?literalmente?—?um norte a seguir. O que me motiva? Simplesmente o desejo de fazer uma brincadeira sonora, visual e poética sobre essa coisa um pouco estranha que é ter realidades extremamente díspares em pares de lugares de nomes idênticos. Deve ter algo mais por trás disso. Ainda estou descobrindo.

Nos próximos dias contarei um pouco sobre cada cidade que visitei nesta primeira etapa.

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